É mesclando diferentes expressões artísticas, como cinema, fotografia e, claro, moda, que o russo Gosha Rubchinskiy tem levado para o mundo o seu trabalho. Já há um tempinho um dos novos nomes mais falados da Europa, o estilista e fotógrafo impressionou os entendidos de moda com suas criações políticas e sua estética de referência pós-soviética, um streetwear que mescla elementos tanto da antiga União Soviética quanto da realidade posterior a 1991, influenciada pelo capitalismo e pela globalização. Ah, tudo isso sem formação acadêmica em moda, mas claramente com um olhar apuradíssimo.
Rubchinskiy faz uma moda extremamente inspirada nos jovens que nasceram depois de 1991, uma turma viajada, conectada, que não conheceu a Rússia comunista, apesar de viver a rebordosa desse período da história. Também por isso, sua moda possui claras citações ao seu país, que vão de bandeiras ao alfabeto, passando pela cor vermelha. O estilista curte de verdade se inspirar em pessoas e mantém um grupo próximo de amigos que trabalham, inclusive, como seus modelos. Pessoas reais, para uma moda real e das ruas.
Seu desfile mais recente, na Pitti Uomo, em Florença, foi mais um de vários bastante disputados. A passarela foi montada numa antiga fábrica de tabaco e, sobre a coleção, Gosha disse que "todo mundo está cansado do streetwear. Esse é o momento dos ternos". Isso, vindo de um cara que tem no streetwear seu maior reconhecimento, já traduz um pouco dessa personalidade forte e contestadora que ele traz. Ao final, ele ainda apresentou um filme feito com a cineasta Renata Litvinova; um universo de prédio abandonado, sexo, morte, voyeurismo…
Nós adoramos a moda de Gosha! Repare como sua estética remete a uma coisa fresh e antiga silmuntâneamente, jovem e desgastada pelo tempo. E sorte a nossa que o cara segue fazendo moda, porque ele quase desiste. "Moda não é arte, é um business e eu não sou um businessman", ele já declarou. Sem estrutura pra produzir as roupas, ele por pouco não larga tudo, mas Adrian Joffe, presidente da Comme des Garçons, resolveu ajudá-lo, cuidando dessa parte numa parceria que parece estar dando super certo.
Vale ficar de olhos abertos para tudo que Gosha Rubchinskiy produz, da moda à fotografia (que ele inclusive publica em zines e livros, como o mais recente "Youth Generation"), tradutoras dessa juventude pós URSS. Retratos de jovens, da história de um país e de como a moda pode ser profunda, também.
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