24/01/2014

Tal jovem, tal jeans


via Byline

O que o advento da calça jeans tem a ver com o advento da juventude na sociedade.

Se tivermos que eleger uma peça que represente a juventude em qualquer que seja sua geração, certamente essa peça seria a calça jeans. Chegamos a essa conclusão conversando com Lu Catoira, pesquisadora e autora de dois livros especializados no jeans, resultado de seus projetos e pesquisas sobre o assunto (tanto no contexto psicológico quanto no mercadológico), que mostrou como a história da calça jeans tem tudo a ver com a história da juventude – e porque elas se dão tão bem até hoje.

O jeans como roupa teve seu primeiro uso através do uniforme dos trabalhadores (um tecido resistente, durável, grosseiro, parecia perfeito) e esse uso durou desde os anos 1930 até ser incorporado à moda jovem poucas décadas depois, que é a nossa abordagem nesta matéria.

Foi entre a década de 1950 e 1960, quando o jovem entrou no mercado de trabalho, que a calça jeans aproveitou para também entrar no guarda-roupa desse jovem. "Antes disso, o jovem não tinha importância, se vestia sempre como seus pais com calça curta com pregas e camisa social", contextualiza a pesquisadora. Foi exatamente à partir da década de 1960 que a moda (e toda a sociedade) começou a olhar para aquilo que vinha da rua, que vinha dos jovens. Eles precisavam de uma peça que falassem exatamente como eles se sentiam, que fosse sinônimo de ousadia, de novo e de moderno. Foi então que viram essas mesmas características na calça jeans.

Outro ponto que favoreceu a inserção da peça na cultura jovem, segundo a autora, foi o advento do cinema e a representatividade dos ícones no mesmo. "Todos se espelhavam nesses ídolos, que passaram a representar uma geração como Marlon Brando em "Hells Angels" e James Dean em "Juventude Transviada". "Era a primeira vez que o jovem estava sendo representado na mídia e, claro, estavam vestindo, sobretudo, a calça jeans" analisa Lu Catoira. Outro fator de extrema importância foi o advento do Rock'n'Roll, que também representava rebeldia, juventude e subversão.

"Era a primeira vez que o jovem estava sendo representado na mídia e, claro, estavam vestindo, sobretudo, a calça jeans"

Questionada sobre os motivos que levaram a peça jeans a sair da juventude de 50 e chegar até os anos 00 carregando essas mesmas características independente da época, Lu Catoira finaliza citando o Psiquiatra Suíço Carl Jung, responsável por criar o conceito de inconsciente coletivo. De uma maneira ou de outra, o jeans era uma necessidade além do vestuário. Ele é inclusor, democrático e acessível. Apesar de hoje vestir qualquer idade e gênero, facilitado pelo contexto social foi eternizado como peça da juventude e, segundo a autora, hoje "vestir jeans é se sentir jovem, independente da idade"

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